segunda-feira, 23 de junho de 2008

“MUITO OBRIGADO” E A HISTÓRIA DE PERSEVERANÇA DE UM MODESTO “ESCREVEDOR”.

No português há uma figura chamada “metalinguagem” que é a propriedade da língua de se referir a ela mesma; é utilizada, por exemplo, nas gramáticas e dicionários. O que me interessa nesta noite está sensivelmente ligado ao português: trata-se do destinatário. Ou seja, você.

O processo de comunicação ocorre da seguinte maneira:

O emissor (Eremita Urbano) envia uma mensagem (o post) ao receptor (o querido leitor). Esta mensagem possui um referente (o tema da mensagem, o conteúdo, o objeto) suscetível de ser verbalizado, e que deverá ser apreendido pelo destinatário. No entanto, para que isto ocorra também é necessário que o emissor e o receptor disponham de um código comum (a língua portuguesa), no todo ou em parte, e que exista entre ambos um contato, uma conexão física ou psicológica (este blog).

Superados estes chatos conceitos lingüísticos vamos ao ponto.

Em meados do sétimo período da faculdade de Direito descobri que tinha um grave problema: não sabia escrever (e ainda não sei, mas tento a cada post...). Na época trabalhava em um escritório de advocacia e não raramente recebia um esculacho do tipo: “Não entendi nada desta petição! Que quizila!” – completado por um desabonador: “Eu quero cortar meus pulsos de vergonha destes estagiários que não sabem escrever!”. Por fim: eu realmente não sabia escrever. Era tudo muito complicado, concordar a concordância, desrendundar o redundante, concatenar o inconcatenável...

Essa deficiência não me afligiu somente no trabalho, mas minha monografia parecia complexa demais para ser escrita. Eu tinha um tema desacreditado, um professor que é a maior autoridade no assunto, pouco material escrito sobre o tema e muitas críticas sobre minha cabeça.

Por alguns momentos pensei que não conseguiria peticionar melhor ou que não conseguiria desenvolver o tema proposto em meu pré-projeto de monografia. Foi quando tive uma idéia. Aliás, uma das melhores idéias de minha vida! Resolvi escrever!

No mesmo dia, cheguei da faculdade e por volta das 23hrs comecei a montar um blog. Não tinha grandes pretensões, queria que fosse somente uma maneira divertida de treinar. Escrever com figuras. Colocar fundos e mudar fontes. Parecia criativo. Mas faltava uma coisa: sobre o que eu iria escrever? Sobre os pássaros? Sobre a paz mundial? Sobre geopolítica? Sobre religião? Sobre o degelo das camadas polares? O quêêêêêêêêêêê?

Resolvi não inventar e, em homenagem àquele momento (as recentes pressões que sentia de todos os lados pela pecha de “analfabeto”), escrevi um questionamento com um (isto mesmo.... um) parágrafo:

“Porque as coisas são assim? Há certas coisas na vida que nos confundem. Queriamos que fossem de um jeito, mas saem ao contrário. Eu clamo que o SENHOR seja meu farol no meio desta tempestade e que após a noite, o sol brilhe mais forte que nunca!” (
http://www.fotolog.com/sustao/16486541)

Dei-me por satisfeito naquela noite e fui dormir. Ora, um parágrafo já era de bom tamanho para quem estava tendo problemas em escrever meros bilhetes de recado!

O parágrafo me empolgara, fiquei ansioso para chegar em casa e escrever outro. Escrevi um texto, com uns quatro parágrafos sobre minhas impressões musicais. Era somente uma atividade, nada mais.

Mas como iria saber se estava melhorando? Precisava de alguns examinadores, para dar o seu oportuno pitaco. Chamei o Diegão para dar uma lida. Chamei a July. O negócio começou a empolgar.

Com o tempo os erros foram diminuindo, passei a escrever mais rápido. Gastava em torno de três a cinco horas para escrever um pequeno post. Novas pessoas foram chegando, palpitando, aderindo, rejeitando, discordando, assentindo, descrençando, adorando... Havia uma profusão de críticas, sugestões e pessoas envolvidas.

O tempo passou, a monografia rendeu, e chegou a hora de entregar a versão final. Uma semana antes de apresentar a monografia, o professor co-orientador me chamou em seu escritório. Um homem que lecionava a mais de 45 anos; o professor de D. Agrário com mais tempo em atividade no país. Disse-me que havia lido minha monografia, folheou o trabalho, fez algumas críticas e ao final, quando me levantei para ir embora, perguntou: “como você fez para escrever tão bem? Há uma maturidade vocabular na sua escrita que não se encontra nem nos trabalhos de mestrado!”.

Não me iludo achando que sou um profissional. Muito menos. Não me iludo achando que escrevo bem. Estou apenas nas primeiras linhas. Mas por um momento eu não acreditei que estava escutando aquilo; haviam sido tantas críticas nos últimos meses que eu não alimentava um elogio daquele. Contei a ele a história que já narrei até este ponto: desde as broncas até aqueles dias. Entre textos publicados e não publicados, já haviam sido uns 80 textos. Cada um deles havia ajudado a chegar ali.

Mas nem sempre há ânimo suficiente para continuar. Recentemente me vi tão desestimulado com esta vida de blogueiro, que pensei sinceramente em parar de escrever. Uma ingratidão por tudo que havia aprendido havia me tomado e, por alguns dias, parecia que não havia construído nada. A decisão estava tomada. O Eremita Urbano ia deixar de existir ... ia deixar... até a manhã de domingo do Dia das Mães.

Estava no culto, Mariana ao meu lado, um sono terrível, bocejos involuntários. A pregadora do culto era uma conhecida de nossa família, desde que eu havia nascido: Adriana, mãe da Cacá.

Em meio à homenagem dos dias das mães, ela olhou para mim (e me pegou de surpresa num bocejo que parecia engolir o mundo) e disse que tinha meu blog em seus “Favoritos”. Aquilo foi uma surpresa, um renovo na minha descrença de blogar. Rematou dizendo que “o ‘Eremita Urbano’ era um instrumento de edificação da Igreja e que nunca poderia parar de escrever, pois havia muitas pessoas que eram ajudadas pelo blog”. Era exatamente isto que eu precisava para continuar.

Renovado, com algumas idéias em mente, resolvi fazer uma experiência: coloquei um contador de visitas esperando que até o final do ano conseguisse umas 50, talvez 70 visitas. Cria que poucos amigos entravam no blog e queria apenas me divertir com mais um recurso para a página.

Neste exato momento, aproximadamente três meses, o blog conta com exatas 547 visitas. Superando em aproximadamente 11 vezes minha expectativa inicial em um tempo três vezes menor. Confesso que quase chorei quando atravessamos as 500 visitas!

Queridos, não estou me gloriando. Sei que há muitos blogs que superam (muito mais!) esta marca em apenas um dia. Não me sinto o Philip Yancey nem o Max Lucado brasileiro. Oxalá se um dia puder chegar a este ponto! Mas ainda sou um modesto “escrevedor”, que indica seu blog a poucos amigos, que tem indicados outros e outros e outros; alguém que ainda se diverte em procurar fotos que combinem com o texto (e esta tarefa é hilária!)

Apenas posso dizer:

Muito obrigado a todos que lêem este blog. Espero que o Espírito Santo esteja chegando a vocês através deste instrumento! Espero que o SENHOR Jesus Cristo tenha edificado vossos corações! Espero que tenha ocorrido cura, libertação, salvação e paz através deste blog! Obrigado!

E a lição que quero passar com esta experiência: perseverança! O negócio é nunca desistir! Avançar e não retorceder! Os que retrocedem o fazem para a perdição, mas os que perseveram conservam a vida. Jesus disse: “... Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus” (Lc.9:62). Não podemos abrir mão de nossos sonhos e dons, mas devemos continuar acreditando (aqui leia: ter fé!) no propósito de Deus para nossas vidas. O SENHOR não tem prazer naqueles que retrocedem!


Se eu desistisse deste blog, não teria a grata experiência de chegar aos 500 visitantes, de receber revelações por parte dos irmãos, de ser uma benção nas outras vidas. Há momentos que temos a vontade de jogar tudo para o ar, mas não devemos insistir nesta idéia. Nas palavras de Nelson Hungria, retroceder é coisa para aqueles que tomam “a carta dos covardes e pusilânimes”!

Persevere e seu milagre chegará! O meu chegou onze vezes maior e três vezes mais rápido!

Boa noite!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A CHAVE MESTRA

Eram mais ou menos nove e meia da manhã, tempo ensolarado, mas nebulosa para mim que estava extremamente cansado dos últimos dois dias. A Igreja estava medianamente cheia, na fileira central havia mais gente, nas laterais havia apenas méia dúzia de pessoas que assistiam o culto. A escala de diáconos do mês de junho ainda não estava afixada no mural, mas como o culto da escola dominical é mais vazio e tranqüilo estava satisfeito em sentar no último banco, da última fila – próxima a porta de entrada – para que pudesse estar de sobreaviso, caso a pregadora ou o pastor precisassem de ajuda.

Enquanto a igreja lia um texto bíblico, um rapaz adentrou o templo. Parecia procurar alguma coisa ou alguém. Ainda não havia sido notado, exceto por mim que fiz um “psiu” quase inaudível mas suficiente para lhe chamar a atenção. Chamei para que se sentasse ao meu lado. Ele veio, cruzou os dedos, os meteu entre as pernas e, por alguns segundos, curvando seu pescoço, perguntou quem era o pastor.

Apontei para o homem sentado na primeira fileira e o rapaz torbou a perguntar se a igreja tem o costume de ajudar quem necessita.

Sem saber o que dizer, a única coisa que me veio à cabeça foi a caridosa igreja de Efésios, relatada no livro de Atos dos Apóstolos. Lembrei-me do trabalho social dos varões e o respondi afirmativamente.

Quando voltava a assistir o culto, notei que alguns jovens me olhavam com certa curiosidade, tentando descobrir quem era aquele visitante que trajava uma camiseta preta do Evanescence.

O braço direito trazia uma grande tatuagem tribal, que fazia par com o braço esquerdo todo marcado de costuras, pontos e marcas de tiro. Perguntei se ele já era cristão e disse que não – mas rapidamente completou que seu pai era da Renascer. Aliás, estava ali por sugestão dele, o qual lhe disse ser Deus a única solução para seu problema. Durante alguns minutos estivemos assistindo o culto até que passei a lhe perguntar o trivial: filhos, casamento, mora onde, “faz o quê”, até que o jovem parou por um tempo, olhou fixamente para o ar e resolveu tornar-se o inquiridor.

Devolveu-me o “faz o quê” – a pergunta que mais comum a mim nestes tempos – e respondi que estudava para concursos. Ele meneou com a cabeça rapidamente e repetiu minha resposta, quando interrompi seu suspiro para emendá-la dizendo que sou advogado.

Naquele momento, ele me olhou e seus olhos pareciam brilhar, começou perguntar minha idade, se eu era casado, se tinha filhos, se era noivo, se eu era membro daquela igreja mesmo e por fim, olhou para o lado esquerdo, colocou a mão na boca e me confidenciou:

- Cara... acho que você era a pessoa certa para mim falar. Eu passei quatro anos e meio no Carandiru por tráfico de drogas, mais alguns 121
* que eu cometi.

Geralmente, quando isso acontecia comigo na assistência judiciária eu regalava os olhos e exclamava com um enfático: “Oooooooohhhhhhhhhhhhhhhh”. Mas não havia tanta força para me surpreender naquela manhã, então apenas lancei um singelo “é mesmo?!” e voltei a assistir o culto.

O rapaz continuou a me contar sobre o que acontecia no Carandiru, sobre sua vida, o início de seu envolvimento com o tráfico, o que fazia antes e sobre seus pais. A igreja tem ajudado o rapaz. Não é nesta figura que eu quero focar.

Geralmente escrevo sobre questões de fé, e principalmente voltadas para quem já é cristão, está inserido no contexto de igreja e etc. Hoje meu desabafo terá um tom político.

Durante estes dias ando a pensar nos rumos que nosso país tem tomado e quais as soluções possíveis para que ele possa sair deste painel de corrupção e miséria. Sinceramente não tenho tido tanto ânimo quando analiso da ótica secular – e daí tudo volta à fé, religião e Deus.

A capa da Veja da semana passada fez um paralelo entre o país que temos e o país que queremos; a situação híbrida que torna o Brasil um país de primeiro mundo ao mesmo tempo em que o desclassifica como um terceiro mundo.

Os problemas estão aí. Todos sabem quais são. Temos Caos e CPIs para tudo. Temos um vergonhoso número de escândalos políticos e um (mais vergonhoso ainda) número de impunidade. Donos de um dos maiores PIBs do mundo, mas também senhores de altas taxa de criminalidade, mortalidade infantil, subnutrição, caos aéreos, fraudes e outro sem-fim de problemas. Parece faltar força de vontade ao país, faltar brio aos governantes (e nestas horas, a morte do Ilustre Sen. Jefferson Péres se faz cada vez mais sentida), parece faltar moral à nação.

Desta forma, assim como para o rapaz na igreja, para o Brasil não há outra solução senão Jesus Cristo. Será que a nação cujo Deus é o SENHOR é uma nação sem rumos, sem futuro, sem perspectivas? De fato, ainda não podemos ver esta realidade pela ótica humana, mas podemos ver pela fé profetizar o versículo “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que Ele escolheu para Sua herança.” (Sl. 33:12).

Essa visitação do SENHOR era o que eu pensava enquanto me dirigia ao carro após o cursinho. Precisamos de um avivamento em nosso país urgentemente; precisamos de um avivamento em Goiânia. Há quem diga que estamos vivenciando um, mas a cada dia que passa sou obrigado a discordar desta afirmação. Nós vivemos uma era de fashion cristianism, onde a moda é ser crente. A Gretchen é, a Monique Evans é, a Leila Lopes é... e todas fazem ensaios e filmes sensuais. Daí me pergunto: “este é o tipo de cristianismo que vai trazer Deus para o senhorio de nosso país?” Estou certo que não.

Outra barreira a esta vinda do Espírito Santo sobre nós é a proliferação de denominações. Não recrimino a quantidade de nomes (e alguns até estranhos) e templos que surgiram, mas não entendo uma coisa: “se Deus é um só, se Jesus orou para sermos um assim como Ele é com o Pai, então porque nossas igrejas digladiam na busca de membros? Porque elas falam mal umas das outras para atrair os membros menos resolutos? Sinceramente vejo que não foi essa a intenção de Jesus ao orar pela unidade do corpo...

Quando a presença de Deus está em um país, quando começamos a vivenciar a promessa do Sl.33:12 e então vemos significativas (e positivíssimas) mudanças. Desde saneamento básico até a credibilidade no mercado externo elas ocorrerão. Deixaremos de ser um potencial para nos tornar em realidade; quiçá (e digo este “quiçá” apenas por charme, pois tenho plena certeza!) deixaremos de ser cauda para sermos cabeça!

Não há solução para mim, para você, para o jovem que cumpriu pena no Carandiru e precisa alimentar seus quatro filhos, não há outra solução para o Brasil; a chave mestra para tudo e todos é o Senhor Jesus!



* Refere-se ao crime de homicídio, previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro.

domingo, 1 de junho de 2008

O PARADIGMA

Sou grato a Deus por ter alguns amigos maravilhosos na minha vida. Rico é o homem que os tem! Em algum lugar li sobre isso, riquezas, amigos ... não me lembro onde. Ahhhh, acho que foi nas inúmeras correntes de “repasse-isso-para-seus-500-amigos-em-42-segundos-e-algo-de-maravilhoso-acontecerá!”

Uma pena para mim é que a cada dia que passa, meus amigos ficam literalmente mais distantes. Um muda para lá, outro muda para acolá e recentemente recebi o baque mais forte ao ver dois se mudando para São Paulo. Recebi um e-mail de um deles hoje e confesso que foi um presente agradável.

Impressiona-me que ela cita Vinícius (de Moraes) na mensagem e coincidentemente estava escutando um DVD em que ele toca com Tom (Jobim), Toquinho e Miúcha. Lembrei-me de Tom, o maestro que revolucionou a música com a bossa nova. Lembrei que estou estudando um pouco de bossa estes dias (e nunca pensei que aprender música fosse tão difícil...) e na minha humildade concepção vejo Tom como um padrão para todos os que querem se tornar musicalmente melhor. Também me lembrei do quanto eu gostaria de tocar violão como o Toquinho (mas tento executar “O filho que eu quero ter” há tempos e ainda não saí da primeira estrofe). Lembro-me de quantos padrões, modelos, paradigmas nós temos na vida.

Em todas as áreas temos os modelos; surgem Kakás, Federers, Hamiltons, Madonas, Britneys, Baracks, etc e podemos abstrair um ponto em comum entre eles, a imagem de sucesso, felicidade, satisfação. O que ocorre nesta era Hollywoodiana que nossos padrões (beleza, inteligência, sexuais e etc) são cada dia mais rígidos, exigindo-se a perfeição sobre-humana que não podemos alcançar. Ora, o que é a sétima arte senão um show de mágicas que faz com que tenhamos ilusões durante a exibição da película?! O resultado para isso resulta em frustração, obsessão, dor e um tremendo sentimendo de derrota e incapacidade. Mas ainda assim insistimos em sermos Brads (Pitt) e Angelinas (Jollie)...

Mas não é sobre esportes, nem cinema, tampouco política que quero compartilhar. Quero compartilhar do paradigma Supremo: Jesus Cristo, mas sob uma ótica um pouco diferente... Em JO 8:14 diz que "...Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." Este é apenas um dos trechos no qual Jesus se coloca como o padrão a ser seguido. Até aqui nada de novo.

O que ocorre é que da mesma forma que o mundo impõe inatingíveis padrões de perfeição, nosso atual cristianismo tem colocado um modelo cristão que foge à realidade; um crente que não tem problemas, não tem crises, que não peca nunca, que não é tentado, que nunca titubeia, que tem sempre uma resposta cheia de fé para os “perdidos”, “infiéis” e “ímpios”, que é mais fértil que os coelhos, dentre outros super-poderes.

Traçamos, a partir desta concepção sobre Jesus Cristo, uma figura messiânica para fundamentar a nossos critérios de sucesso e acabamos em uma competição para definirmos quem é o mais espiritual de todos.

Sabe, queridos, há um fato na Bíblia que reflete isso muito bem. Na época em que Jesus veio ao mundo, Israel era um “barril de pólvora” dominado por Roma que se destacava por alimentar um desejo de liberdade. Logo, nada mais natural que as pessoas esperarem um Libertador que viesse como um rei forte, lindo, poderoso, com um mega-exercito atrás (e se pudéssemos filmar, o faríamos com cavalos brancos, armaduras reluzentes, com trombetas anunciando a chegada deste herói). Mas este não foi o modo como Deus planejou; Jesus veio como uma criança indefesa, nascida de mulher em uma estrebaria e se tornou filho de um carpinteiro. Nada de realeza, palácios e cenas cinematográficas. As pessoas deixaram se influenciar tanto pela sua condição política que imaginaram um “grande estadista” e se esqueceram de olhar para a Palavra de Deus.

Ao analisarmos esta espécie de cristãos que tem se popularizado nas igrejas, nos deparamos com as seguintes questões: Jesus teve problemas? Jesus teve crises? Jesus foi tentado? Jesus ficou doente? Jesus titubeou (ou a vontade de passar o cálice foi apenas um “charminho”?!)? Se estas pessoas acreditam em um Jesus indene a estas situações tipicamente humanas, então elas reconheceriam o Salvador se estivesse na pele dos judeus de 2000 anos atrás??? Ora, algumas diriam batendo no peito que “sim, é claro que eu reconheceria” e ainda complementariam dizendo que “seguiria a estrela e levariam o presente mais precioso que poderia dar”...

Sabe, não sou este padrão... definitivamente não sou. Aliás, muitos que me conhecem até suscitam dúvidas sobre minha conversão. Tenho problemas, crises, dificuldades, preguiça, dentre outros muitos defeitos. Não tenho muita habilidade para pregar, chego atrasado nas reuniões, falo quase sempre as mesmas coisas, dou broncas reiteradas nos jovens, perco a paciência, fico grilado, dá vontade de mandar tudo para o ar. Mas eu conheci alguém que foi perseguido quando criança, se perdeu dos pais, foi tentado por Satanás durante quarenta dias, grilou com o povo vendendo na igreja, que até quis passar o cálice quando estava a beira da morte. Esse alguém me consola. Consola-me saber que Ele foi homem, teve vontade de pecar (mas não pecou), foi tentado e até quis desistir.

Ele venceu e é por meio Dele que vencemos; os problemas virão, mas ele está conosco; doenças podem vir, mas Ele é a cura (e mesmo se não acontecer o milagre saiba: Deus está no controle de todas as coisas e quer o seu melhor); lutas aparecerão, mas ele nos fortalece (ou seja, Ele nos dá a força para lutar; ratificando: lutarmos!). Ele não se parece muito com este ser ileso que se prega ultimamente, mas ele sofreu como homem, foi rejeitado (e não somente pelos guardas durante a crucificação), experimentou a derrota, mas ao final venceu! E Jesus Cristo, nos ajuda a vencer; esteja certo disso!