domingo, 1 de junho de 2008

O PARADIGMA

Sou grato a Deus por ter alguns amigos maravilhosos na minha vida. Rico é o homem que os tem! Em algum lugar li sobre isso, riquezas, amigos ... não me lembro onde. Ahhhh, acho que foi nas inúmeras correntes de “repasse-isso-para-seus-500-amigos-em-42-segundos-e-algo-de-maravilhoso-acontecerá!”

Uma pena para mim é que a cada dia que passa, meus amigos ficam literalmente mais distantes. Um muda para lá, outro muda para acolá e recentemente recebi o baque mais forte ao ver dois se mudando para São Paulo. Recebi um e-mail de um deles hoje e confesso que foi um presente agradável.

Impressiona-me que ela cita Vinícius (de Moraes) na mensagem e coincidentemente estava escutando um DVD em que ele toca com Tom (Jobim), Toquinho e Miúcha. Lembrei-me de Tom, o maestro que revolucionou a música com a bossa nova. Lembrei que estou estudando um pouco de bossa estes dias (e nunca pensei que aprender música fosse tão difícil...) e na minha humildade concepção vejo Tom como um padrão para todos os que querem se tornar musicalmente melhor. Também me lembrei do quanto eu gostaria de tocar violão como o Toquinho (mas tento executar “O filho que eu quero ter” há tempos e ainda não saí da primeira estrofe). Lembro-me de quantos padrões, modelos, paradigmas nós temos na vida.

Em todas as áreas temos os modelos; surgem Kakás, Federers, Hamiltons, Madonas, Britneys, Baracks, etc e podemos abstrair um ponto em comum entre eles, a imagem de sucesso, felicidade, satisfação. O que ocorre nesta era Hollywoodiana que nossos padrões (beleza, inteligência, sexuais e etc) são cada dia mais rígidos, exigindo-se a perfeição sobre-humana que não podemos alcançar. Ora, o que é a sétima arte senão um show de mágicas que faz com que tenhamos ilusões durante a exibição da película?! O resultado para isso resulta em frustração, obsessão, dor e um tremendo sentimendo de derrota e incapacidade. Mas ainda assim insistimos em sermos Brads (Pitt) e Angelinas (Jollie)...

Mas não é sobre esportes, nem cinema, tampouco política que quero compartilhar. Quero compartilhar do paradigma Supremo: Jesus Cristo, mas sob uma ótica um pouco diferente... Em JO 8:14 diz que "...Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." Este é apenas um dos trechos no qual Jesus se coloca como o padrão a ser seguido. Até aqui nada de novo.

O que ocorre é que da mesma forma que o mundo impõe inatingíveis padrões de perfeição, nosso atual cristianismo tem colocado um modelo cristão que foge à realidade; um crente que não tem problemas, não tem crises, que não peca nunca, que não é tentado, que nunca titubeia, que tem sempre uma resposta cheia de fé para os “perdidos”, “infiéis” e “ímpios”, que é mais fértil que os coelhos, dentre outros super-poderes.

Traçamos, a partir desta concepção sobre Jesus Cristo, uma figura messiânica para fundamentar a nossos critérios de sucesso e acabamos em uma competição para definirmos quem é o mais espiritual de todos.

Sabe, queridos, há um fato na Bíblia que reflete isso muito bem. Na época em que Jesus veio ao mundo, Israel era um “barril de pólvora” dominado por Roma que se destacava por alimentar um desejo de liberdade. Logo, nada mais natural que as pessoas esperarem um Libertador que viesse como um rei forte, lindo, poderoso, com um mega-exercito atrás (e se pudéssemos filmar, o faríamos com cavalos brancos, armaduras reluzentes, com trombetas anunciando a chegada deste herói). Mas este não foi o modo como Deus planejou; Jesus veio como uma criança indefesa, nascida de mulher em uma estrebaria e se tornou filho de um carpinteiro. Nada de realeza, palácios e cenas cinematográficas. As pessoas deixaram se influenciar tanto pela sua condição política que imaginaram um “grande estadista” e se esqueceram de olhar para a Palavra de Deus.

Ao analisarmos esta espécie de cristãos que tem se popularizado nas igrejas, nos deparamos com as seguintes questões: Jesus teve problemas? Jesus teve crises? Jesus foi tentado? Jesus ficou doente? Jesus titubeou (ou a vontade de passar o cálice foi apenas um “charminho”?!)? Se estas pessoas acreditam em um Jesus indene a estas situações tipicamente humanas, então elas reconheceriam o Salvador se estivesse na pele dos judeus de 2000 anos atrás??? Ora, algumas diriam batendo no peito que “sim, é claro que eu reconheceria” e ainda complementariam dizendo que “seguiria a estrela e levariam o presente mais precioso que poderia dar”...

Sabe, não sou este padrão... definitivamente não sou. Aliás, muitos que me conhecem até suscitam dúvidas sobre minha conversão. Tenho problemas, crises, dificuldades, preguiça, dentre outros muitos defeitos. Não tenho muita habilidade para pregar, chego atrasado nas reuniões, falo quase sempre as mesmas coisas, dou broncas reiteradas nos jovens, perco a paciência, fico grilado, dá vontade de mandar tudo para o ar. Mas eu conheci alguém que foi perseguido quando criança, se perdeu dos pais, foi tentado por Satanás durante quarenta dias, grilou com o povo vendendo na igreja, que até quis passar o cálice quando estava a beira da morte. Esse alguém me consola. Consola-me saber que Ele foi homem, teve vontade de pecar (mas não pecou), foi tentado e até quis desistir.

Ele venceu e é por meio Dele que vencemos; os problemas virão, mas ele está conosco; doenças podem vir, mas Ele é a cura (e mesmo se não acontecer o milagre saiba: Deus está no controle de todas as coisas e quer o seu melhor); lutas aparecerão, mas ele nos fortalece (ou seja, Ele nos dá a força para lutar; ratificando: lutarmos!). Ele não se parece muito com este ser ileso que se prega ultimamente, mas ele sofreu como homem, foi rejeitado (e não somente pelos guardas durante a crucificação), experimentou a derrota, mas ao final venceu! E Jesus Cristo, nos ajuda a vencer; esteja certo disso!

Um comentário:

Unknown disse...

Uau!Um dos melhores textos que já li!It seems like when we most see our weakness it is when we finally can be free...! E graças a Ele somente...Que é Perfeito por ter sido dependente do Pai!

Abração!

Ps.: vinícius e tom casam de branco sempre, não é mesmo?