
Digo isso porque temos uma facilidade imensa em pregarmos o evangelho, em falarmos sobre o amor de Cristo, em sermos canais de bênçãos na vida de pessoas que não conhecem a Deus. E ainda temos o que outrora era inimaginável.... ser crente é totalmente fashion! Nos últimos anos celebridades se converteram. Conversões que, apesar de tudo, se dividem em genuínas e duvidáveis....
Logo, podemos dizer que somos cristãos sem sermos ridicularizados, sem sofremos chacotas, sem discriminações na maioria dos casos. Mas justamente aí é que mora o perigo. Entregamos-nos às benesses do evangelho fácil, sem reprimendas nem ofensas e até com certa admiração. Qual cristão nunca ouviu: “Ohhhh, você é evangélico??? Que bonito!!!” (ainda tenho minhas dúvidas sobre o que realmente querem dizer com “bonito”...)
E como nos portamos diante das pessoas que mais precisam escutar uma Palavra de Deus??? Somos fiéis e seguimos uma postura digna de um seguidor de Cristo ou abaixamos nosso padrão para sermos “agradáveis” com os ímpios? Temos uma postura radical em questão de moralidade, sexo, festas, mundo ou relativizamos nossa postura em uma tentativa de barganharmos com mundo?
Freqüentemente encontramos crentes ligths que em um tom quase “paz e amor” disseminam um evangelho que coexiste em perfeita harmonia com o pecado. Tratamos as tentações da carne como uma dor passageira. Passamos pomadinhas em feridas expostas e pútridas. Quando perguntados sobre o Carnagoiânia, somos tolerantes e perdemos chances preciosas de abrir os olhos das pessoas. Em conseqüência, um evangelho distorcido vai sendo criado, um monstrinho começa a crescer, um filho bastardo da realidade da fé toma formas maliciosas!
Porém, de todas as conseqüências que percebo, reputo uma delas como a pior: a perda da presença de Deus. Como um convidado que é enxotado pela porta dos fundos, colocamos a Glória de Deus para correr, nós a rejeitamos deliberadamente ao passo que convidamos novas figuras para a “Congregação dos Santos”: o “ficar”, a festinha no fim de semana, o sexo antes do casamento, os vícios, a falta de compromisso e outras centenas de personagens.
Lembro-me de certa igreja que freqüentei muito algum tempo em que os adolescentes não titubeavam em “ficar”. Era impressionante... se eu deixava de ir uma semana à igreja, logo percebia que eu estava totalmente desinformado e que o Fulano já tinha ficado com a Ciclana, e que a beltrana tinha ficado com o Ziclano, que Tim, Tom e Tonim tinham sido encontrados bêbados no sábado à noite, e até que um rapaz tinha mandado o Pr. para a “p.q.p.” ao escutar que fumar maconha era pecado.... Sinceramente era algo estarrecedor!
Esse tipo de fé, que monta um sincretismo entre o Evangelho e o mundo é abominável! E o próprio Jesus assim o diz: “Eis que sei as tuas obras, que nem és frio e nem és quente. Tomara que fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” Essa mornidão que paira sobre nós, essa facilidade estagnante da fé que nos impede de alçarmos novos vôos em Deus, esse marasmo que nos conforta com uma postura caritativa e uma máscara de boas pessoas é um veneno sobre as nossas igrejas!
O “Livro dos Mártires” de Jonh Foxe, datado do século XVI relata a história de homens e mulheres que mantiveram radicalmente suas confissões de fé até o último minuto de vida. O mestre Jonh Huss, pregador do evangelho na Inglaterra da Rainha Ana e discípulo de Wickilff, foi perseguido durante toda sua vida. Uma vida de dedicação exemplar e de duríssimos sofrimentos foi condenada à morte em um julgamento arbitrário e nem por isso diminuiu a intensidade ao falar do Salvador Jesus Cristo. Sinto-me compelido a compartilhar trechos do relato de sua execução:
“Quando, por ordem de seus torturadores, ele foi reposto de pé, alto e bom som disse ele: – Senhor Jesus Cristo! Ajuda-me para que com mente firme e paciente eu possa enfrentar a cruel e ignominiosa morte a que estou condenado por pregara a Palavra do Teu Santíssimo Evangelho. – Em seguida, como já fizera antes, expôs ao povo a causa da sua morte. (…) Seu pescoço foi preso à estaca com uma corrente. Ao vê-la, disse sorrindo que ele de bom grado a recebia por amor de Jesus Cristo, que, ele bem sabia, fora amarrado com uma corrente muito pior. Sob seus pés puseram dois feixes de lenha misturada com palha. Na verdade, dos seus pés até o queixo ele estava cercado de lenha.
Mas antes de acender a fogueira, Louis, Duque da Baviera, e outro senhor que estava com ele, que era filho de Clemente, vieram exortar John Huss, pedido que ainda pensasse na sua salvação e renunciasse a seus erros. Respondeu-lhes ele dizendo: – A que erros devo renunciar, se não me sinto culpado de nada? Pois este sempre foi o objetivo principal e o propósito da minha doutrina, poder ensinar a todos os homens o arrependimento e a remissão dos pecados, sereno e cheio de fé, estou preparado para enfrentar a morte. (…)
Então foi acessa a fogueira, e John Huss se pôs a cantar em voz alta: – Jesus Cristo! Filho do Deus Vivo! Tem piedade de mim. – E quando começou a repetir a invocação pela terceira vez, o vento soprou a chama contra o seu rosto e sufocou-lhe a voz. (…) Todavia, sua memória não pôde ser apagada das mentes piedosas nem pelo fogo, nem pela água, nem por qualquer outra tortura.
Esse servo e mártir de Cristo foi queimado vivo em Constança no dia seis de julho de 1415, d.C.” (HUSS, John. O Livro dos Mártires. Traduzido por Almiro Pizetta. – São Paulo: Mundo Cristão, 2003. pp.119-120)
O exemplo de Huss não é único, nem ultrapassado. Ele é seguido e copiado diariamente na Coréia do Norte, Arábia Saudita, Irã, Somália, Ilhas Maldivas, Iêmen, Butão, Vietnã e muitos outros. E apesar destes exemplos louváveis, nós que temos motivos ainda maiores para pregar (afinal, aqui temos bíblias, temos livros, igrejas monumentais, temos avivamento, adoradores apaixonados, CDS aos milhares, programas de televisão e etc....) ainda insistimos em tolerar este evangelho que recebe o mundanismo de braços abertos!
Não diminua sua confissão! Não a apague! Não extinga! Não se envergonha de dizer a verdade da Verdade, ou seja, a realidade da Palavra de Deus! Não barganhe com o pecado! Não relativize a sua fé! Seja instrumento poderoso de Salvação! Instrumento para alcançar vidas, seja vaso nas mãos do Senhor. Seja motiva para que O Pai possa se alegrar, e não motivo de vômitos de Jesus! Coragem! Milhões de vidas podem ter sua história transformada pela sua firmeza na Palavra de Deus!
Boa noite e coragem!
Um comentário:
Bom dia, Sunção!
Deveras me impressionou o estilo do blog. O flog (outrora que outrora hospedava o Eremita Urbano) não possui desing refinado, lembrando-nos sempre de algo juvenil e aspirante.
Além do estilo sofisticado, excelente iniciativa de manter um blog sobre a vida cristã. ("Vida Cristã" pareceu meio frio e religioso. Vou trocar por caminho com o Senhor).
A priori, esse blog parece prometer tirar dúvidas, ser canal de benção, ser canal de unção, ser canal de força ao abatido, ser canal de Deus. Lugar onde poderemos nos sentir iguais uns aos outros, vendo as dificuldades de todos nós, nesse caminhar. Poderemos sentir a presença de Deus através de texto que, bem escritos e com simplicidade, nos esclarecem ,nos motivam, nos abrem os olhos.
Cada palavra aqui só vale a pena, se vor vivida!
A cor verde mergulhada em três tonalidades distintas nos lembra a calma da esperança que temos no Único que faz coisas únicas com Sua mão poderosa.
Parábens pelo blog e pela iniciativa de um constante crescimento!
Um abraço com carinho de sua sempre leitora!
Tâm
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